Os transtornos alimentares podem ser silenciosos e difíceis de identificar, ainda mais em crianças e adolescentes.
Por isso, é essencial que os pais e familiares saibam quais os comportamentos que indicam transtorno alimentar infantil e na adolescência.
Se já se perguntou: “será que meu filho tem transtorno alimentar?” Veja sete sinais para ficar atento e três medidas a tomar.
O que são transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares são doenças mentais caracterizadas por distúrbios nos comportamentos alimentares, gerando diversas consequências para a saúde física, mental e para o bem-estar social.
É comum achar que os transtornos alimentares só atingem meninas adolescentes, porém, na verdade, qualquer pessoa, de qualquer sexo ou idade podem desenvolver, inclusive as crianças. É importante conhecê-los para se atentar aos sinais apresentados no desenvolvimento de um transtorno alimentar. Veja!
Entre os transtornos alimentares mais comuns, temos:
- Anorexia nervosa: caracteriza-se por restrição calórica, peso muito baixo em relação ao esperado para idade e gênero e medo intenso de ganhar peso.
- Bulimia Nervosa: caracterizada por episódios de compulsão alimentar, em que come-se uma quantidade de comida extremamente grande em pouco tempo, seguido por comportamentos compensatórios como induzir vômito, tomar laxante e praticar exercícios físicos para evitar ganho de peso.
- Transtorno de compulsão alimentar: envolve episódios de compulsão alimentar que ocorrem pelo menos semanalmente por no mínimo 6 meses, associado à perda de controle diante da comida e sem comportamentos compensatórios. É importante entender que a compulsão alimentar é diferente de exagero alimentar, como mostro no vídeo abaixo:
- Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (TARE): aversão incomum a alimentos com base em características sensoriais (textura, cor, odor), falta de interesse em comer ou preocupação com consequências da alimentação, como medo de ter dor de barriga ou vomitar.
Será que meu filho tem transtorno alimentar? 7 sinais para ficar atento
Agora, conheça sete sinais de transtorno alimentar infantil e na adolescência para ficar atento.
1- Alterações de peso incomuns
Crianças e adolescentes geralmente ganham ou perdem peso à medida que crescem. Se você percebe que isso está acontecendo rápido demais ou que as flutuações de peso são constantes, observe mais atentamente, pois pode ser um sinal de alerta.
2- Dar atenção demais ao peso e tamanho do corpo
Crianças e adolescentes se perguntam sobre seus corpos, peso e se comparam com amigos e colegas. Isso pode ser normal para a faixa etária, mas se a preocupação é excessiva também pode ser um sinal de transtornos alimentares.
3- Preocupação com alimentos, calorias e dietas
Se você se pergunta “meu filho tem transtorno alimentar”? É importante prestar atenção a este sinal.
Preocupar-se excessivamente com o que está no prato, com a refeição preparada (se foi usada manteiga, óleo, se a preparação foi assada ou frita, etc.), com os rótulos dos alimentos e seu conteúdo de carboidratos, gorduras e calorias, bem como com o tamanho das porções podem ser comportamentos de risco para transtornos alimentares.
É o que tenho visto no consultório. Pacientes cada vez mais jovens preocupados com calorias, com os alimentos e em fazer dietas restritivas, na busca por um corpo magro, quando deveriam estar preocupados em brincar ou com as atividades escolares.
4- Praticar exercícios físicos excessivamente
Ser mais ativo e praticar exercícios físicos, como um esporte, é um hábito bem-vindo para a saúde. No entanto, você pode notar que seu filho está interessado em se exercitar em excesso, em maior frequência e intensidade que o comum.
Esse comportamento pode surgir como um objetivo de perder peso e contribuir com o desenvolvimento e permanência de um transtorno alimentar. Sem falar que exercícios em excesso podem aumentar a chance de lesões.
5- Vômitos autoinduzidos e uso de laxantes ou diuréticos
Se esses comportamentos são adotados como forma de compensar a ingestão de alimentos e evitar o ganho de peso, podem ser considerados de risco para transtorno alimentar infantil e na adolescência.
6- Evitar refeições em família e situações que envolvam comida
Algumas crianças e adolescentes que sofrem com transtornos alimentares podem evitar comer em família ou pedir para comer no quarto. Eles também podem recusar comidas que geralmente gostam muito ou evitar comer na frente de outras pessoas.
7- Isolamento social
Também é possível que pessoas que sofrem com transtornos alimentares comecem a se isolar da família e dos amigos, bem como mostrar menos interesse em atividades que antes gostavam.
Eu acho que meu filho tem um transtorno alimentar. O que fazer?
Se acredita que seu filho está sofrendo com transtorno alimentar, é importante:
1- Conversar com seu filho
Pergunte se ele está bem e se quer conversar. Caso recuse, incentive-o a se abrir com outra pessoa em quem confia, como outro membro da família, um professor ou tente falar com os amigos dele. Mas deixe claro que está disposto a ouvi-lo e apoiá-lo.
Pode ser muito difícil compreender os comportamentos de alguém que sofre com transtorno alimentar infantil e na adolescência. Sua relação com a comida pode parecer irracional, mas lembre-se que para o seu filho pode estar bastante angustiado.
Portanto, tente colocar-se no lugar dele e evitar críticas ou acusações. Perguntas abertas como: “Percebi que não está comendo a sobremesa nos últimos dias. Está acontecendo alguma coisa?” podem contribuir com o diálogo.
2- Pare de falar sobre corpo e comida
Diariamente as pessoas falam sobre dieta, forma corporal e peso, mas isso pode ser um assunto muito sensível para alguém com transtorno alimentar. Tente desviar as conversas da comida e do corpo.
3- Procure ajuda profissional
É essencial que procure ajuda de profissionais especializados e experientes o mais rápido possível.
O tratamento de transtornos alimentares deve acontecer com a orientação de uma equipe multiprofissional composta minimamente por médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista.
Da mesma forma, se você mesmo sofre com uma relação difícil com a comida e com o corpo, cuide-se e busque tratamento para evitar que isso possa influenciar o comportamento do seu filho.
Mas que fique claro: os transtornos alimentares sofrem influência de diversos fatores, como o ambiente familiar, questões genéticas, sociais e culturais, mas não são culpa de ninguém!
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Referência:
TRIBOLE, Evelyn; RESCH, Elyse. Comer intuitivo. 1.ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2021.
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