O hábito alimentar dos filhos é sempre uma grande questão para os pais. As crianças que dão trabalho para comer lideram o ranking das preocupações, mas também há aquelas que comem demais ou demonstram certa propensão à compulsão alimentar infantil.
Mas desde já é importante esclarecer que compulsão é uma coisa, comer de forma exagerada é outra. A compulsão é uma doença, e precisa ser tratada com acompanhamento multidisciplinar: médico, nutricionista e psicólogo.
Já o exagero ou gula são hábitos que podem ser administrados com mudanças sutis dentro da própria dinâmica alimentar da família.
Como o tema hoje é compulsão alimentar infantil, vou falar um pouco sobre como este transtorno começa a se manifestar nos pequenos e de que forma os pais podem ajudá-los, para que se tornem adolescentes sadios e em paz com a comida.
Comer escondido, sinal de perigo
Seu filho anda comendo escondido? Este é um primeiro indício importante a ser notado. Também é interessante perceber se seu filho anda perdendo o controle diante da comida, pois isso pode gerar muita culpa e tristeza.
Este tipo de comportamento pode refletir algum desconforto – a criança pode estar com fome, ou, ainda, estar tentando suprir alguma necessidade emocional por meio da comida. Geralmente, não faz isso conscientemente, é mais involuntário e instintivo. Essa é uma das premissas deste transtorno.
A compulsão alimentar infantil pode começar a partir destes simples – e aparentemente inofensivos – hábitos. Ao notar esse padrão de comportamento, busque conversar com seu nutricionista ou pediatra.
Este transtorno se forma a partir de causas diversas, que podem ser biológicas, emocionais e hormonais. Por isso, a compulsão se trata de forma multidisciplinar.
Quanto antes identificar e tratar o problema, menor a chance de o quadro evoluir para o transtorno em si e, dessa forma, a criança chegará à puberdade livre deste problema.
Vale a pena conversar com seu filho e tentar ver o que ele sente:
- Falta de comida: quando a fome da criança não é respeitada na hora da refeição (por exemplo, ele está proibido de repetir)
- Falta de prazer de comer: quando nenhum alimento gostoso está disponível em casa
- Comer emocional: a criança sente tristeza ou raiva e desconta nos doces
Veja também:
- Tudo sobre alimentação saudável infantil
- Dieta para sobrepeso infantil
- Obesidade na adolescência: menos cobrança, mais aceitação
Família unida contra a compulsão alimentar infantil
Os pais não devem se sentir culpados caso percebam que seus filhos estejam demonstrando algum tipo de distúrbio diante da comida. Mas é legal reavaliar alguns hábitos para que, desde cedo, as crianças construam uma boa relação com os alimentos. Veja algumas dicas.
Rotina
O corpo gosta de rotina e, especialmente as crianças, que estão em fase de crescimento, precisam estar bem alimentadas. Procure oferecer as refeições principais (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar) respeitando horários.
Todo mundo na mesa
Comer sentado à mesa é uma das formas de minimizar o risco de desenvolver obesidade, ainda que seja uma única refeição ou duas (muitos pais só conseguem se encontrar com os filhos no café da manhã e no jantar). Isso reforça os laços e confirma a presença da rotina citada acima.
Qualidade alimentar
Ofereça qualidade para os seus filhos: quanto mais variedade tiver na mesa, menor vai ser a compulsão por doces e alimentos industrializados. Quando falo de qualidade, não me refiro a pratos refinados, e sim, à comida de verdade! Arroz, feijão, carnes, leite, queijos, ovos, frutas, verduras e sobremesas.
Respeite a fome do seu filho
Quando estiverem à mesa, deixe que seu filho escolha a quantidade que quer comer. Ele é dono da própria fome!
Sem cultura de dieta!
Dieta restritiva para criança, nem pensar. A proibição pode ser um primeiro passo para a compulsão alimentar infantil.
Sem crise com imagem corporal
Se seu filho está acima do peso, tire um pouco o foco da imagem corporal e direcione a outras qualidades: inteligente, corajoso, amigável, generoso…
Ficar lembrando que ele precisa emagrecer não irá ajudar muito e pode contribuir para que tenha vergonha de comer na frente dos pais e passe a comer escondido. E se você também não está feliz com seu corpo, evite colocar tanta energia nesse assunto, especialmente quando estiverem à mesa. O ideal é que todos consigam comer sem neuras, sem culpa e sem exageros.
Todo mundo ativo
Outra coisa importante para prevenir a obesidade e a compulsão alimentar infantil é gastar energia com coisas legais que não estejam ligadas à comida. Vocês podem fazer algum esporte juntos, caminhar pelo parque, dar uma volta no bairro, jogar bola na rua, andar de bicicleta, nadar, etc.
Ouça o seu filho!
Por fim, conversem! Procure entender de onde vem essa necessidade de comer demais, ou de comer escondido. E não hesite em procurar ajuda médica se necessário. Construir uma relação boa com a comida na infância é algo grandioso, que será levado por toda a vida!
Te convido a assistir ao vídeo a seguir para refletir mais:
Bon appétit!
Saiba mais!
Aproveitando que estamos falando sobre a importância da alimentação saudável na educação infantil, deixo aqui também a indicação do meu programa online Efeito Sophie na Alimentação Infantil, criado em parceria com a nutricionista Janaina Kühn.
Eu também sou mãe de quatro filhos! E quis criar esse programa com o intuito de ajudar milhares de mães e pais de família que buscam uma alimentação equilibrada e fácil de levar no dia a dia.
São quatro módulos online, que você pode assistir quando estiver indo para o trabalho ou na academia. Eles vão te ajudar a repensar a alimentação como uma parceira na sua vida e não uma vilã que só te estressa.
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56 Comentários. Deixe novo
Tenho sofrido com essas questões, minha filha vai fazer 5 anos esse mês.. E desde o ano passado na mudança da escolha, ela tem criado o hábito de querer comer o tempo todo. Estuda pela manhã, na escola, o almoço é no formato de buffet e as crianças se servem. Ela geralmente repete o prato, chega Às 13h com fome, dou uma fruta. As vezes de 30 em 30 min quer comer… Fica pedindo coisas, dizendo que está com fome.
Nossa alimentação envolve frutas, legumes, verduras, são poucos vegetais que ela realmente não gosta. Mas quando está com o pai ou com a avó paterna, deixam comer em excesso tanto comida quanto as “besteiras”. Trabalho home office, então consigo estar a maior parte dos dias com ela e controlar isso, mas é bem cansativo o ter que negar o tempo todo, por saber justamente que não se trata de fome.
Olá Erika! Espero que esteja bem.
Obrigada por compartilhar esse comentário conosco. Compreendemos sua preocupação com sua filha.
Vou deixar um vídeo que a Dra. Sophie gravou sobre esse assunto que pode te auxiliar: https://www.youtube.com/watch?v=TrcP_Z2ujBw
Lembrando que o acompanhamento com o profissional de saúde é sempre importante, está bem?
Um abraço,
Nathalia Equipe Sophie
Minha filha quer sempre comer pela manhã um Danone ou pão com leite e Nescau ou café , as vezes como bem no almoço as vezes não . Quando vai chegando no final da tarde quer almoço . Ou janta e depois até na hora de dormir quer comer . Fico preocupada. Ela gosto de sucrillus com leite .
Olá Janaína!
Agradecemos por compartilhar esse comentário conosco e compreendemos sua preocupação com sua filha. O interessante é manter o acompanhamento médico em dia e oferecer sempre alimentos de qualidade para a criança. Se está tudo bem com a saúde da criança, precisamos lembrar que ela é dona da própria fome, nosso papel é oferecer qualidade e variedade. 😉
Um abraço,
Nathalia – Equipe Sophie
Boa tarde.
Sou Heloísa tenho 3 filhos, uma das minha filhas e eu estamos frequentemente em conflito por causa do exagero na alimentação. Ela diz que não está com fome, que não vai repetir, mas volta no fogão e quer repetir só carne, por vezes nem coloca no prato, mas enche a boca e sai mastigando, retornando duas a três vezes. Se servimos uma sobremesa ela quer repetir enquanto tem, não se dá por satisfeita, ou muitas vezes não repete mas fica olhando pra mim como se quisesse permissão para repetir novamente. Por duas vezes fomos convidados para um almoço e ela comeu parte da carne antes mesmo de servirem o almoço. Morri de vergonha. Em um aniversário ela comeu exageradamente até passar mal. Ontem, ao servir o lanche da tarde, ela pegou todo o bolo e colocou no prato dela.
Eu tenho ficado muito nervosa com essas atitudes dela, as vezes brigo, mas tbm sinto culpa como se eu não tivesse deixando ela comer. Ontem falei brava e firme com ela, tirei o bolo dela permitindo que comece somente um pedaço. Mas fiquei triste e nervosa depois. Não tem sido fácil e não sei qual caminho seguir, pois falo e na prática ela faz tudo de novo. Ela esta com 11 anos, mas sempre teve essa dificuldade, agora está pior, eu falo e parece em vão.
Olá Heloísa, estou passando com a mesma situação com a minha filha, ela está com cinco anos. Está sempre querendo comer doces e guloseimas descontroladamente inclusive nas casas das pessoas, estou morrendo de vergonha.
Meu enteado tem 4 anos. Anda comendo escondido do pai e quantidade grande. Tipo 5 potinhos de Danone. O pai acha que bater resolve mas só vejo ele piorando. Não acho certo bater. O que posso fazer pra ajudar ele?
Olá Cláudia!
Agradecemos por compartilhar esse comentário conosco, sentimos muito por tudo isso.
É interessante conversar com o pai, talvez seja legal enviar os artigos da Dra. Sophie e vídeos falando sobre esse assunto para ajudá-lo a entender.
Quanto mais restringir a alimentação da criança, mais corre o risco dele querer os alimentos “proibidos”. É importante respeitar a fome dele, inserindo comida fresca e caseira.
Um abraço,
Nathalia – Equipe Sophie
Boa noite, tenho uma filha de 15 anos TDAH,ela está acima do peso devido ao hipotireoidismo, mas de uns tempos pra cá tem pego coisas escondido pra comer,vivo revirando a lixeira do quarto, hoje novamente encontrei um monte de doces que ela vai na minha mercearia e pega escondido, já não sei mais o que fazer,está na nutricionista, endocrinologista,faço tudo certinho como eles pedem, mas ela não ajuda,ela não aceita comer certo, minha vontade e de morrer 😞
Olá Elaine!
Sentimos muito por isso. É interessante não restringir a alimentação classificando os alimentos como “proibidos” para ela, pois a proibição gera um desejo por esses alimentos. Cerque-a de comida fresca e caseira, respeitando a fome dela.
Já pensou em procurar um profissional de saúde com foco em comportamento alimentar? Pode ser interessante.
Na Rede Sophie você encontrará profissionais capacitados pelo Método Sophie: https://members.sophiederam.com/br/para-voce/
Um abraço,
Nathalia – Equipe Sophie