Não é novidade que o coronavírus tem uma alta taxa de transmissão e todos nós, independente da idade, cor, etnia ou classe social. Mas será que obesidade e Covid-19 tem relação?
Bom, existem condições de saúde que podem ser fatores de risco para essa doença. Ou seja, quem as possui tem uma probabilidade maior de desenvolver a COVID-19 em uma forma mais grave do que aquelas pessoas que não possuem nenhuma complicação.
Alguns dos fatores de risco relatados até o momento são: problemas pulmonares, diabetes, doenças do coração e ter idade maior que 60 anos.
Além disso, existe uma preocupação em relação à obesidade, pois parte desses fatores de risco são doenças crônicas que estão relacionadas ao excesso de peso.
Então, surge a dúvida: será que a obesidade e COVID-19 também estão relacionadas?
Acompanhe comigo o que as pesquisas têm mostrado abaixo.
O que as pesquisas apresentam sobre obesidade e COVID-19?
Um estudo francês avaliou 124 pacientes internados pelo COVID-19 e perceberam uma alta prevalência de pessoas com excesso de peso dentre os doentes, 47,6% deles tinham obesidade e 28,2% obesidade grave.
Em uma pesquisa estadunidense, os pesquisadores também sugerem que a obesidade em pacientes mais jovens, com menos de 60 anos pode ser um fator de risco para o coronavírus.
The Lancet, uma das maiores revistas científicas do mundo, publicou um breve artigo sobre obesidade e COVID-19 que corrobora com isso. Eles avaliaram 265 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em 7 hospitais universitários do Estados Unidos. Eles concluíram que as pessoas mais jovens que precisavam de internação tinham uma maior probabilidade de sofrerem com a obesidade.
Esses estudos trazem algumas suposições sobre a relação entre a obesidade e COVID-19. Eles indicam que o excesso de peso pode comprimir o diafragma e prejudicar a respiração, diminuir a resposta imunológica do organismo, causar diabetes. Além disso, pode afetar a função cardiovascular. Todas essas consequências são fatores de alerta para a doença do coronavírus.
Mas atenção!
É importante deixar bem claro que todos esses estudos e explicações são limitados e preliminares. Eles não trazem comprovação. Pesquisas mais aprofundadas e com avaliações mais cuidadosas são necessárias.
Apesar da inexistência de comprovações, o “Guia para distanciamento social de todos no Reino Unido” e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Centers dos Estados Unidos classificam as pessoas que apresentam IMC maior que 40kg/m² como grupo de risco para a COVID-19.
Uma correspondência também publicada na The Lancet alerta que não existem dados que confirmem essa associação entre a COVID-19 e um IMC maior que 40kg/m². Os autores apontam os problemas que a divulgação dessas informações sem comprovação científica pode acarretar: mais ansiedade naqueles que apresentam obesidade e uma falsa sensação de segurança para quem não apresenta.
De qualquer modo, aqueles que sofrem com a obesidade precisam de cuidados, pois também é uma pandemia e necessita de atenção independentemente do coronavírus.
Isso diz respeito à aquisição de equipamentos hospitalares adequados para as pessoas com excesso de peso, além de um tratamento adequado, sem estigmatizar essas pessoas que já são alvos de tantos preconceitos.
Como tratar a obesidade?
A ideia de fechar a boca e malhar não parece dar resultado. É entender mais a fundo o que é obesidade e suas causas, que detalho no infográfico a seguir:
O mesmo acontece com as estratégias para perda de peso rápida. Você não precisa emagrecer imediatamente. Na verdade, os métodos de emagrecimento gradual e mais lento têm se mostrado mais eficazes e sustentáveis, como também as abordagens que não focam no peso, mas sim na saúde.
Também é bom lembrar que o momento que vivemos pode ser mais desafiador para quem apresenta problemas com a alimentação e com o corpo, como a compulsão alimentar, que explico melhor neste vídeo:
Por isso, se faz ainda mais necessária uma abordagem que respeite aqueles que sofrem com a obesidade, o que proponho no evento Manifesto para um novo olhar sobre obesidade.”
O que podemos fazer em relação à obesidade e COVID-19?
Quando pensamos em obesidade e COVID-19, as medidas mais eficazes são as mesmas para todos: ficar em casa em isolamento social e reforçar as medidas de higiene, lavando as mãos com água e sabão ou álcool em gel, frequentemente.
Além disso, trago aqui 6 dicas para te ajudar a aderir a um estilo de vida que não foca na perda de peso, mas que com certeza contribui para ter mais saúde, tratando e prevenindo a obesidade.
- Não faça dietas restritivas. Elas até podem funcionar a curto prazo, mas a longo prazo não são sustentáveis. Além de estressar o cérebro podem contribuir para o efeito sanfona e piorar nossa relação com o peso e com o corpo. Além disso, não tenha medo de engordar na quarentena.
- Dê preferência aos alimentos in natura e minimamente processados. Esses alimentos chegam às nossas casas sem passar por alterações após deixar a natureza ou passam por processos simples de limpeza e remoção de partes não comestíveis, e devem ser a base de uma alimentação equilibrada e saborosa.
- Cozinhe mais. Isso pode te ajudar a seguir a dica anterior. Ir para a cozinha contribui bastante para a nossa saúde, pois temos mais consciência do que estamos colocando no prato e podemos consumir mais alimentos frescos e comida caseira. Você também pode encontrar nessa tarefa muito bem-estar e prazer e consumir as refeições preparadas na companhia da família.
- Movimente-se. Mesmo em casa é possível dançar, praticar yoga, seguir uma sequência de exercícios. A intenção é ter um momento de lazer e de autocuidado. Escolha o que mais te dá prazer e respeite o seu corpo, sem exagerar na atividade física.
- Seja gentil com o seu corpo. Lembre-se que existem corpos de todos os tamanhos e formas. O seu peso é apenas um número, não foque nele, mas sim nas mudanças de estilo de vida.
- Cuide da sua saúde mental. A alimentação está muito relacionada com os nossos sentimentos e emoções. É comum e normal descontar na comida, o que chamamos de fome emocional. Mas também, é importante buscar outras formas de lidar com nossos problemas e questões emocionais. E se perceber que o momento está sendo muito delicado para você, não hesite em pedir ajuda de profissionais especializados.
Como lidar com a obesidade e COVID-19 na prática?
Se você precisa de ajuda para colocar essas dicas em prática, te convido a dar uma olhada no curso online Efeito Sophie.
Nele, eu não vou falar sobre as últimas dietas da moda, alimentos milagrosos e fórmulas mágicas de emagrecimento – até porque não acredito em nada disso.
Ao invés, eu vou te ajudar a identificar o seu comportamento e relacionamento diante da comida.
A minha missão é fazer com que você possa encarar a alimentação como algo prazeroso, sem estresses e muito menos culpa.
Com algumas dicas práticas, você poderá alcançar o SEU peso saudável, de forma gradual e duradoura.
→ Se inscreva e comece hoje mesmo o curso online Efeito Sophie! ←
Vamos juntos nessa?
Referência:
- Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), Brasília-DF, 2020.
Se gostou deste artigo sobre obesidade e covid, provavelmente vai adorar ler estes posts que separei para você: