Muitas pessoas que chegam no meu consultório se queixam que tem compulsão, mas quando eu peço para me contar como é essa “compulsão”, eu chego até a ficar aliviada! A verdade é que elas não sabem de fato o que significa compulsão.
O que acontece é que hoje em dia, vivemos cercados de regras sobre a alimentação. Sobre o quê e o quanto devemos e podemos comer, que acabamos por nos desconectar das nossas referências internas de fome e saciedade, e acabamos por pensar que qualquer consumo alimentar fora desse “padrão idealizado” é uma compulsão!
A boa notícia é que, muitas das vezes em que as pessoas se dizem “compulsivas”, não se trata, de fato, de uma compulsão!
Mas afinal, o que significa compulsão?
A compulsão alimentar, conforme já falamos aqui, é muito mais do que cometer um exagero alimentar ocasional; a compulsão alimentar é um forte sintoma do Transtorno do Comer Compulsivo, que é uma doença psiquiátrica que precisa ser tratada de forma multiprofissional e especializada.
Um episódio de compulsão envolve um consumo muito grande de alimentos, de forma muito rápida, num espaço de tempo curto de até 2h – podendo chegar até 14 mil calorias, o que é muito mesmo! Ou seja, não é comer um pouco a mais, é comer extremamente a mais que o normal.
Então, para ajudar a desmistificar o significado de compulsão, vou explicar aqui O QUE NÃO É COMPULSÃO!
E o que não é compulsão alimentar?
Muitas são as motivações que nos levam a comer: nutrir o corpo, questões culturais e sociais, simbolismos, lembranças, recompensas e o PRAZER!
Lembre-se que comer é um dos maiores prazeres da vida! E o sabor é a razão nº 1 pela qual as pessoas escolhem os alimentos! Pensando desta forma, podemos entender que é normal exagerar vez ou outra, quando a comida está gostosa e a companhia agradável!
Também é normal exagerar após se privar de algo por muito tempo, como por exemplo, quem está de dieta e se priva de comer doce; daí, quando se autoriza a comer, acaba exagerando.
Portanto, exagerar numa sobremesa gostosa, comer um pedaço de pizza a mais ou “chutar o balde” de vez em quando é normal e não significa compulsão, especialmente quando não está se permitindo comer em paz.
O problema está quando esses exageros, que deveriam ser esporádicos e pontuais, começam a ficar muito frequentes, comprometendo a saúde e gerando culpa, ansiedade, angústia e vergonha. Neste caso, o ideal é buscar ajuda de um profissional qualificado para te ajudar, pois pode ser que haja um problema aí.
Acho importante lembrar, que a mentalidade de dieta, as regras alimentares, a dicotomização dos alimentos entre “mocinhos e vilões” e o próprio fato de fazer dietas são condições restritivas que assustam o cérebro e são gatilhos para comer de forma exagerada e até desencadear um episódio compulsivo de fato.
Em outras palavras, toda restrição gera uma compensação, e no caso dos alimentos é a mesma coisa. Restrição gera compulsão!
Quer um exemplo prático? Vamos lá!
Toda vez que você faz uma dieta ou se priva de alimentos ou grupos alimentares, você está se restringindo; seu cérebro não gosta nada disso, e entende essa restrição como uma ameaça à sobrevivência, aumentando seu desejo pelos alimentos “proibidos” até o momento em que você não aguenta mais e come de forma exagerada para compensar essa restrição.
Agora que você já sabe o que significa compulsão e a diferença de um exagero alimentar considerado normal, além do que pode te levar a ter esses comportamentos, fique mais atento ao seu comer, prestando atenção aos pensamentos e sentimentos que surgem quando você sente o impulso de comer de forma exagerada.
Busque entender se essa vontade de comer muito é motivada por algum tipo de restrição ou compensação, ou mesmo se é emocional.
Uma solução inicial para você diminuir esses exageros e ajudar o tratamento da compulsão é fazer as pazes com a comida.
E você sabia que a “fome emocional” é a fome que mais faz engordar? Eu criei um programa online que através de vídeo aulas, materiais e atividades práticas ajudam as pessoas a identificar o comer emocional e suas diferentes formas até às mais extremas que é a compulsão alimentar.
O programa online também te dará ferramentas, dicas e práticas para você identificar os seus gatilhos e refletir sobre seu comportamento.
Vamos juntos nessa mudar esse comportamento? Se inscreva agora no programa online Efeito Sophie no Comer Emocional!
Quer saber mais sobre a Fome Emocional, dá o play no vídeo abaixo do meu canal:
Bon appétit!
Separei também esses outros artigos que vão te ajudar nesse caminho, dê uma olhada:
- Remédio para compulsão por doces é mesmo a melhor alternativa? Descubra
- O que é e como tratar a compulsão alimentar? Qual médico procurar?
- Quer emagrecer? Então primeiro aprenda a amar a si mesmo
E você, já passou por algum episódio de exagero? Comente aqui embaixo, mas lembre-se, o diagnóstico de um médico especializado é essencial para te ajudar a seguir um caminho com mais leveza e felicidade.
2 Comentários. Deixe novo
S
Olá Sophie sim eu tenho crises de compulsão, em algum dia eu como muito e sem fome, depois tenho culpa, vergonha, ódio, mas já percebi que isso ocorre porque já fiz muitas dietas restritivas , muitas, tanto que hoje tenho dificuldade de seguir qualquer dieta, sou insatisfeita com meu corpo, eu malho a semana inteira em busca de emagrecer e fico frustrada por não conseguir esse resultado por isso acabo comendo em um único dia as calorias de dois ou três dias, me alimento muito saudável nos demais dias, não sei mais o que fazer, não tenho condições para psiquiatras, psicólogos , estou tentando sozinha. Obrigada pelos esclarecimentos.
Olá Joelma!
Agradecemos por compartilhar esse comentário conosco e sentimos muito por isso. Sinta-se acolhida pela Dra. Sophie e por sua Equipe.
Compulsão alimentar precisa ser tratada por uma equipe multidisciplinar. Você pode entrar em contato com instituições que cuidam de transtornos alimentares de forma gratuita.
Vou deixar algumas alternativas:
– No site da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares @astralbr, http://www.astralbr.org, na aba “Busque Ajuda”, há uma lista de locais de tratamento no Brasil – inclusive alguns (ainda poucos) com tratamento gratuito.
– Aqui em São Paulo temos o AMBULIM que presta atendimentos para pessoas que tem transtornos alimentares. Vou deixar o site deles, caso queira entrar em contato: http://ambulim.org.br/ajuda/
– Nesse site eles também tem uma lista de lugares que podem te ajudar: http://www.euvejo.vc/preciso-de-ajuda/
Esperamos ter ajudado.
Um abraço,
Nathalia – Equipe Sophie