Ultimamente você já deve ter ouvido falar em dois medicamentos administrados em canetas injetáveis, o Mounjaro e o Ozempic.
Eles são compostos por substâncias distintas, mas com atuação bem parecida. Inicialmente foram produzidos para o tratamento do diabetes do tipo 2 e depois também passaram a ser utilizados para a obesidade.
É provável que encontre em seu consultório muitos pacientes que estão utilizando remédios como estes.
Por isso, a seguir você entende melhor a diferença entre Mounjaro e Ozempic e fica sabendo como lidar no consultório com o paciente que faz uso deles.
Vem comigo!
Entenda a diferença entre Mounjaro e Ozempic
Monjauro, nome comercial da tirzepatida, é um medicamento produzido pela farmacêutica Eli Lilly. Seu uso para o tratamento do diabetes tipo 2 foi autorizado no Brasil em 2023.
Já o Ozempic tem como princípio ativo a semaglutida, aprovado com a mesma finalidade desde 2018 e produzido pela farmacêutica Nordisk, que em março de 2023 tornou-se a segunda maior empresa da Europa.
Ambos são medicamentos injetáveis e suas substâncias agem de forma bem semelhante. A principal diferença entre eles é que, enquanto o peptídeo tirzepatida simula a ação de dois hormônios produzidos no intestino, o GLP-1 (peptídeo semelhante a glucagon 1) e o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose, também chamado polipeptídeo inibidor gástrico), a semaglutida imita apenas o GLP-1.
Para você entender melhor a diferença entre Mounjaro e Ozempic vou apresentar as ações dos hormônio GLP-1 e GIP:
- GLP-1 (peptídeo semelhante a glucagon 1):
- Aumenta a secreção do hormônio insulina (responsável por colocar o açúcar dentro das células e reduzir a glicemia);
- Reduz a secreção de glucagon (hormônio que quebra o glicogênio e aumenta os níveis de açúcar do sangue);
- Após as refeições, envia mensagens ao cérebro indicando que estamos saciados e reduz a sensação de fome.
- GIP (polipeptídeo inibitório gástrico):
- Aumenta a produção de insulina após a ingestão de alimentos;
- Inibe a absorção de água e minerais no intestino delgado.
Assim, apesar de o Ozempic atuar apenas no GLP-1 e o Mounjaro no GLP-1 e no GIP, maior diferença entre eles, ambos os medicamentos agem no controle dos níveis de açúcar do sangue e atuam inibindo o apetite e aumentando a saciedade, com ação em diversos órgãos, como pâncreas, cérebro e intestino.
É por esses efeitos que Mounjaro e Ozempic são utilizados para o controle glicêmico e, posteriormente, também passaram a ser usados para a obesidade.
Entre Mounjaro e Ozempic, qual o melhor?
Agora que apresentei a diferença entre Mounjaro e Ozempic, você pode estar se perguntando qual o melhor desses medicamentos.
Como nutricionista, meu intuito não é determinar qual o melhor, nem julgar se essas substâncias são boas ou ruins. Cabe a um médico avaliar o paciente, que irá, conforme a necessidade, indicar a alternativa mais adequada para cada caso.
Minha preocupação é com o impacto que o uso indiscriminado desses remédios provocam. Aqui no Brasil é possível adquirir canetas injetáveis sem receita médica e muita gente acaba utilizando-as por conta própria, apenas com o intuito de perder peso rapidamente.
É bom lembrar que esses injetáveis, como todos os medicamentos, têm efeitos colaterais e não são para todos. Tanto para controlar o diabetes quanto com o intuito de perder peso, é fundamental que seu uso seja recomendado por um médico e que o paciente seja acompanhado e avaliado regularmente, com o apoio de outros profissionais de saúde, como o nutricionista.
Também é bom lembrar que esses remédios passaram a ser utilizados recentemente e não temos tanto tempo de observação para conhecer todos os seus riscos, por isso é preciso cautela.
Perder peso não é sinônimo de ganhar saúde
Além disso, não necessariamente a perda de peso que acontece com o uso de Mounjaro e Ozempic será saudável. Entendo que a sociedade confunde magreza com saúde e coloca a busca de um corpo magro como um ideal, mas precisamos combater essa mentalidade.
Como há uma inibição da fome, o paciente pode acabar desnutrido, apresentar carência de nutrientes e perda expressiva de massa muscular e massa óssea. Por isso, é importante buscar estratégias para que o paciente, mesmo com o apetite inibido, não esqueça de se alimentar e busque mudanças de estilo de vida, com alimentação saudável, prática de atividade física, sono regular, boa gestão do estresse e relações sociais.
Outro ponto é que Mounjaro e Ozempic não são milagrosos e o paciente pode enfrentar desafios. Tem sido observado que as pessoas abandonam seu uso antes de um ano, geralmente por não suportarem os efeitos desagradáveis (como diarreia, náuseas, vômitos e indigestão), bem como por questões financeiras, já que são medicamentos bastante caros.
Algumas pessoas também desenvolvem tolerância às ações desses medicamentos, enquanto outras podem se sentir frustradas por não alcançarem os mesmos resultados mostrados nas redes sociais e outras mídias.
Por isso, se o paciente tem indicação e decide utilizar esses injetáveis, é essencial que ele conte com o acompanhamento de profissionais de saúde competentes e de sua confiança.
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Referências
FRÍAS, Juan P. et al. Tirzepatide versus semaglutide once weekly in patients with type 2 diabetes. New England Journal of Medicine, v. 385, n. 6, p. 503-515, 2021.
NAUCK, Michael A.; MEIER, Juris J. Incretin hormones: Their role in health and disease. Diabetes, Obesity and Metabolism, v. 20, p. 5-21, 2018.