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diário alimentar na nutrição comportamental
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Diário alimentar na Nutrição Comportamental: o que é? como funciona?

O diário alimentar é uma das ferramentas da nutrição comportamental. Trata-se da principal técnica de automonitoramento utilizada pelos nutricionistas.
O diário alimentar na Nutrição Comportamental permite detectar questões da alimentação do paciente e ele, juntamente com o nutricionista, pode fazer relações entre seu consumo alimentar e suas emoções, pensamentos e crenças sobre a comida e sobre outros elementos envolvidos com ela, como o corpo.
O uso do diário alimentar também é uma boa estratégia para pensar soluções de problemas relacionadas à alimentação.
Aplicando esse instrumento em suas consultas você poderá trabalhar mudanças de comportamento e contribuir para a criação de vínculos com o paciente, sendo um guia para um atendimento que vai além de uma abordagem prescritiva.
Vamos entender melhor como ele funciona?

Como funciona o diário alimentar na Nutrição Comportamental?

O diário alimentar na Nutrição Comportamental funciona como um registro que pode ser realizado em papel, mas também em outros suportes, como computador, celular e aplicativos. Isso não importa, pois em qualquer um dos casos é uma técnica de baixo custo e que requer poucos recursos.
Como a maioria das ferramentas da nutrição comportamental, o diário alimentar é flexível. Abaixo está o diário alimentar que uso em meu consultório, você pode usá-lo como modelo.

Agora vem comigo que vou apresentar os elementos que o compõem.

1 – Alimento/quantidade

O paciente deve ser orientado a registrar os alimentos que consumiu ao longo do dia, adicionando as quantidades em medidas caseiras.
Mas lembre-se, não há necessidade de registrar quantidades exatas, nem pesar os alimentos ou contar calorias. Preencher o diário alimentar pode não ser uma tarefa fácil para todos os pacientes, por isso evite cobranças desnecessárias.
Para esse registro ser o mais fidedigno possível é interessante que seja realizado logo após o consumo das refeições, para evitar esquecimentos.

2 – Horário de início e término das refeições

Anotando a hora em que os alimentos são consumidos e o horário do fim da refeição, pode-se perceber se o paciente está pulando refeições ou se está consumindo alimentos em horários pouco convencionais, como de madrugada. Também é possível detectar se está comendo rápido demais. Isso pode indicar algum problema com a alimentação e até transtornos alimentares como a compulsão alimentar, que explico melhor nesse vídeo:

 

 

3 – Escala de fome/saciedade

A escala da fome na nutrição comportamental é muito importante, pois muitas pessoas, devido ao grande número de dietas restritivas que já realizaram ao longo da vida, perdem a capacidade de perceber os sinais de fome e saciedade que o corpo envia e, portanto, sente dificuldades em avaliar quando o corpo precisa de combustível e quando já comeram o suficiente.
Adicionar a escala ao diário é uma forma de levar o paciente a prestar atenção a essas mensagens e reconectar-se com seu corpo.
No entanto, essa etapa de reconexão é um processo que varia de pessoa para pessoa e é normal que no início o paciente não consiga preencher essa parte do diário.

4 – Lugar/Com quem

Onde a refeição foi realizada? No carro, no elevador, em casa, em um restaurante? Sozinho ou em companhia? Isso ajuda a indicar, por exemplo, que aquela sobremesa consumida em uma festa de aniversário não foi um exagero. Ou apontar que determinado tipo de alimento foi consumido escondido da família e merece atenção especial.

5 – Pensamentos/emoções

O que o paciente sentiu ao comer? Estava feliz, triste? Sentiu culpa? Isso pode indicar que o paciente apresenta uma relação difícil com a comida e que é necessário trabalhar o comer emocional.
Falo mais sobre como nutrição e saúde mental estão relacionadas, nesta entrevista com o Dr. Daniel Martinez, médico psiquiatra do AMBULIM – Ambulatório de Transtornos Alimentares, situado no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

 

3 Dicas para usar o diário alimentar

Agora que já conhece os elementos que podem fazer parte do diário alimentar na Nutrição Comportamental, vou te apresentar 3 dicas para você utilizá-lo em seu consultório. Elas serão muito importantes para que esse instrumento seja aplicado da melhor forma possível e para que contribua para gerar um vínculo entre nutricionista e paciente.

1 – Seja flexível

Uma das características do diário alimentar na Nutrição Comportamental é que ele precisa ser flexível. Ou seja, você não precisa utilizar todos os elementos que mostrei no tópico anterior.
O paciente pode ter dificuldades de preencher o diário, pois essa ferramenta pode apresentar questões com a alimentação que naquele momento ainda são difíceis de aceitar e lidar. Ou mesmo porque o diário alimentar afeta a rotina do paciente.
Além disso, muitas pessoas sentem pavor do diário alimentar por já o terem utilizado com o objetivo de fiscalizar o que comem ao fazerem dietas restritivas.
Mas esse não é o nosso objetivo. O diário deve ajudar o paciente e o nutricionista a entenderem o comportamento alimentar e buscarem soluções para possíveis problemas.
Portanto, você pode iniciar orientando o paciente a preencher poucos elementos, aqueles mais importantes para esse momento inicial da consulta, e à medida que for evoluindo no tratamento pode adicionar os demais.
No meu consultório, por exemplo, inicialmente entrego um diário simplificado, sem a coluna dos pensamentos e emoções, e peço para o paciente preenchê-lo apenas três dias por semana.

2 – Não julgue o paciente

Na verdade, nenhum atendimento com profissionais de saúde deve se basear em julgamento.
Jamais aponte o dedo para o paciente que não consome determinados tipos de alimentos, que come exageradamente ou em quantidades insuficientes.
Em vez disso, esteja aberto para escutá-lo e entender o porquê de seus comportamentos alimentares, para então pensar em mudanças em conjunto.

3 – Use perguntas abertas

Uma ótima forma de questionar o paciente sobre o seu diário alimentar é utilizando perguntas abertas. Se o paciente tem tido dificuldades para fazer esse registro faça perguntas como “O que você sente quando tenta registrar os alimentos no seu diário alimentar?”. Ou se percebe que a pessoa não consome vegetais, que tal perguntar “o que você não gosto nos vegetais?”.
Dessa forma, você deixa o paciente mais à vontade para contar suas experiências, medos e angústias, o que contribui para uma melhor adesão ao tratamento.
Nesta entrevista que fiz com outro colega do AMBULIM, você confere um importante papo sobre nutrição humanizada, que pode ajudá-lo a otimizar ainda mais o uso do diário alimentar na Nutrição Comportamental:

Saiba mais sobre diário alimentar na Nutrição Comportamental

Se quer saber mais sobre ferramentas de nutrição comportamental, como o diário alimentar, tenho uma dica final para você.

Após muitos pedidos de profissionais de saúde que entraram em contato comigo, criei a Formação Método Sophie de Terapia Nutricional.

Ao publicar “O Peso das Dietas”, notei uma necessidade de colegas da área de se atualizarem na ciência da Nutrição em relação ao peso, obesidade e transtornos alimentares, além da área comportamental – algo que ainda não é estudado nas faculdades.

O meu objetivo é apresentar uma Nutrição com Ciência e Consciência e fornecer ferramentas para um atendimento mais personalizado e humanizado, com foco na mudança do comportamento e na construção de uma relação mais saudável com a comida.

A propósito, tive a honra de formar centenas de profissionais de saúde em mais de 20 estados pelo Brasil, entre nutricionistas, médicos e psicólogos.

Veja o que eles acham da minha metodologia:

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Referências
ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. 2.ed. Barueri – SP: Manole, 2019.
Se gostou deste artigo sobre diário alimentar na Nutrição Comportamental, provavelmente vai adorar ler estes posts que separei para você:

  1.     Como fidelizar paciente em nutrição: 8 estratégias éticas
  2.      O que é Coaching de emagrecimento? Como funciona? Como aplicar?
  3.     Nutrição comportamental: curso online vale o investimento?

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