Quando falamos em desnutrição, o que vem à cabeça? Geralmente associamos àquela imagem de pobreza, a pessoa não come por que não tem condições financeiras e o resultado é a desnutrição, com o emagrecimento aparente. Fazemos essa associação por que é uma realidade que está bem perto de nós brasileiros. Porém, existem vários tipos de desnutrição, que podem envolver fatores sociais, fisiológicos e psicológicos.
Para entender melhor os tipos de desnutrição, veremos a seguir alguns fatores que podem desencadear esse distúrbio.
Renda x desnutrição
Quando consideramos os fatores socioeconômicos, a desnutrição remete justamente à imagem que citamos no início do texto. Apesar do Brasil não constar mais no Mapa da Fome da ONU desde 2014 – quando foi confirmado que menos de 5% da população estava em situação de vulnerabilidade extrema – ainda há influência do poder aquisitivo no estado nutricional da população.
Várias pesquisas apontam que, quanto menor a renda, maior o comprometimento da qualidade e da quantidade dos alimentos consumidos. Além disso, a precariedade do sistema de saneamento e falta de higiene geralmente acompanham a desnutrição nesses casos, o que dificulta a recuperação do organismo e favorece o surgimento de outras doenças que podem agravar a situação. É uma verdadeira bola de neve.
Tipos de desnutrição em crianças e idosos
Podemos dizer que as crianças e os idosos são as parcelas que sofrem maior impacto com a falta de nutrientes essenciais.
A desnutrição infantil compromete o crescimento normal. A infância é uma fase de importante desenvolvimento físico e mental, e a desnutrição pode influenciar negativamente na saúde do futuro adulto.
A criança desnutrida fica doente mais facilmente, pode ter comprometimento na estatura, pode apresentar-se sonolenta e apática, tem menor disposição para prática de brincadeiras ou outras atividades físicas, além de dificuldades para aprender. A intensidade e frequência destes sinais e sintomas estão diretamente relacionados à gravidade da desnutrição e, quanto mais cedo se der o início do tratamento, menores serão as consequências no desenvolvimento da criança.
Já com relação aos idosos, é uma população particularmente propensa a problemas nutricionais devido a fatores relacionados com as alterações fisiológicas e sociais, ocorrência de doenças, uso de várias medicações, problemas na alimentação (comprometendo a mastigação e deglutição), depressão e alterações da mobilidade com dependência funcional, que falaremos mais adiante.
Fatores psicológicos podem provocar a desnutrição
Já ouviu falar sobre a tristeza diminuir o apetite? A depressão, por exemplo, pode causar uma redução do mesmo. Com a diminuição do apetite e do comer, a pessoa com depressão pode passar a ter carências nutricionais graves. Conforme o estado nutricional piora, a depressão também pode se agravar, pois o nosso cérebro necessita de vitaminas, minerais e gorduras específicos para o seu bom funcionamento.
Não podemos deixar de falar na anorexia, um transtorno alimentar cada vez mais comum na nossa sociedade, que envolve aspectos psicológicos e fisiológicos. A pessoa sofrendo de anorexia enxerga o próprio corpo de maneira distorcida, e, para encaixar-se em padrões, inicia práticas que põem em risco a sua saúde, como dietas restritivas, abuso de exercícios físicos, indução de vômito e até mesmo uso de medicamentos, ou produtos como laxantes.
Todas essas práticas relacionadas à anorexia citadas acima podem resultar em desnutrição, tanto pela falta do alimento e de nutrientes específicos quanto pela indução de vômito ou pela purgação, que impede o corpo de absorver os nutrientes do alimento que já foi ingerido. Se não houver o tratamento adequado após os primeiros sinais, com a atuação de uma equipe multidisciplinar, a desnutrição gerada pela anorexia pode ser letal.
Algumas doenças também podem influenciar no aparecimento da desnutrição
As causas são diversas, podem ter relação com o aumento da demanda de energia pelo corpo para combater a doença; com a falta de apetite devido a um tratamento; com os efeitos colaterais de um tratamento ou da própria doença que dificultam o ato de comer; com a dificuldade do corpo de digerir e/ou absorver os nutrientes; e com a tristeza perante a situação (pelas condições da doença ou hospitalização).
No caso de pacientes hospitalizados, a prevalência de desnutrição é alta, e pode chegar até a 50% dependendo das condições de assistência do hospital. As consequências da desnutrição hospitalar são sérias, incluindo complicações (úlceras por pressão, infecções, quedas), maior tempo de hospitalização e maior risco de mortalidade, principalmente no caso de crianças e idosos como falamos anteriormente.
E, ainda, algumas doenças podem desencadear a caquexia, um tipo de desnutrição grave e muitas vezes irreversível. A caquexia acomete com frequência pacientes idosos, bem como portadores de HIV, tuberculose, pacientes com câncer, fibrose cística, queimaduras, etc.
Ao identificar a desnutrição, como proceder?
A evidência mais clara da desnutrição é a perda de peso, mas também é possível identificar por sintomas como grande cansaço, falta de energia, irritabilidade, falta de concentração, diminuição da temperatura corporal, demora na cicatrização de feridas, dificuldade para se recuperar de infecções, unhas e cabelos fracos e quebradiços, e diarreia.
É importante a intervenção rápida, pois a desnutrição pode se agravar, gerar outras doenças e até a morte. Cada caso é um caso, e somente uma equipe multidisciplinar poderá diagnosticar e tratar de maneira adequada. Em casa, a atenção consciente e amorosa é crucial para a reversão do quadro e melhora da saúde, seja qual for a causa.
Como pode perceber, existem vários tipos de desnutrição. Aproveite e veja também:
3 Comentários. Deixe novo
Eu queria que sugerisse uma alimentação adequada para adultos, pois a inflação no Brasil é constante, ano a ano. Fica difícil seguir orientações de nutricionistas. Eles montam cardápios só para pessoas endinheiradas. É muito fácil dizer: “Coma atum”, por exemplo. Certo, pois veja o preço.
Olá Paulo, tudo bem?
Procure optar por alimentos sazonais, pois eles costumam apresentar um preço mais acessível. Certamente, você encontrará alimentos adequados em feiras 😉 Com certeza comprando alimentos verdadeiros você estará investindo em sua saúde. 😉
Abraços,
Nathália – Equipe Sophie
Muito bom