Levar a dieta à risca, sem se permitir falhar. Ler minuciosamente todos os rótulos e preocupar-se cada vez mais com a qualidade nutricional dos alimentos. Estes comportamentos são saudáveis até o momento em que podem evoluir para o quadro de ortorexia, cujas causas estão sendo estudadas por especialistas do mundo todo.
Afinal, de onde vem essa obsessão pelo “comer perfeito“? Por que as pessoas não sabem mais o que comer e estão cada vez mais confusas sobre o que comprar no mercado e na feira?
Antes mesmo de aprofundarmos no tema do post, gostaria de deixar esse vídeo aqui, se você quiser saber mais sobre esse tema de “comer normal”, será que isso existe mesmo? Dá o play para descobrir:
Mas voltando ao artigo de hoje, vou falar um pouco sobre as causas da ortorexia. Para quem não conhece essa palavra, vou apresentar rapidamente o conceito.
Qual o conceito do termo Ortorexia?
Descrita pela primeira vez em 1996, pelo médico Steven Bratman, a ortorexia nervosa é caracterizada por uma fixação pela alimentação saudável; uma preocupação fora do comum com vitaminas, nutrientes, calorias e até mesmo com a origem do alimento.
Diferente dos outros transtornos, o foco não é emagrecer e ter um corpo “perfeito”, mas sim, consumir somente alimentos “puros” ou “limpos” (eat clean).
Por ser algo relativamente novo em termos de ciência, ela ainda não é descrita como distúrbio alimentar pelo DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sigla em inglês).
No entanto, nós da área da saúde já temos uma boa noção sobre as causas da ortorexia, e isso já é um grande passo no tratamento. Sabendo a origem, fica mais fácil orientar o paciente para que mude seu comportamento diante da comida e encontre um caminho mais equilibrado.
Causas da ortorexia: excesso de informação
Isso engorda. Isso é uma “bomba” de açúcar. Isso é muito calórico para comer a essa hora da noite. Com certeza você já ouviu alguma dessas frases, certo?
Pois é, vivemos na era da informação! Hoje, se aprofundar na composição dos alimentos é algo acessível a maior parte das pessoas. Existem milhares de livros, sites, blogs, canais do Youtube e contas do Instagram que se dedicam a isso.
Eu mesma sou uma grande porta-voz da importância de uma alimentação diversificada, composta principalmente por alimentos in natura, e com menor presença de ultraprocessados.
No entanto, é preciso saber filtrar tudo o que lemos a respeito de dietas restritivas e sobre alimentos “vilões” e “mocinhos”. É importante discernir o que tem fundo científico do que é modismo.
Glúten, lactose, farinha branca, açúcar e gordura são algumas das coisas que já foram amplamente demonizadas, fazendo com que as pessoas passassem a ter medo de consumi-los. Mas isso não passa de terrorismo nutricional, o que é uma das principais causas da ortorexia.
Ao pensar que alguns alimentos emagrecem, outros engordam, alguns estão cheios de agrotóxicos e outras preocupações, as pessoas ficam cada vez mais perdidas com relação à própria alimentação. Isso incentiva o radicalismo e a obsessão por “comida limpa”, ampliando o número de pessoas com propensão ao quadro de ortorexia.
Se informar é bom! Mas a preocupação exagerada dá origem à culpa e a um comer transtornado. Os alimentos não são só nutrientes. Também são fontes de prazer!
A chave para alcançar o seu peso saudável é rever sua relação com a comida (e não se preocupar tanto com origem e “pureza” dos alimentos).
Sou nutricionista, doutora pela USP e ao longo dos meus mais de 20 anos como estudiosa da nutrição e da neurociência do comportamento alimentar, reuni ensinamentos valiosos para quem deseja voltar a ver a alimentação de uma forma positiva, sem estresse nem culpa.
São dicas práticas em seis semanas de vídeo aulas, materiais e atividades online. A minha missão é que você volte a escutar os sinais do corpo, como fome e saciedade. Além de ver que ter uma alimentação saudável é mais simples do que parece.
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Causas da ortorexia: redes sociais
Ainda falando sobre excesso de informação e terrorismo nutricional, temos que considerar a presença das redes sociais nas nossas vidas. Hoje em dia, grande parte das pessoas não passam um dia sequer – ou nem mesmo algumas horas – longe do Instagram e do Facebook.
Isso significa que temos livre acesso à vida das celebridades que admiramos: sabemos o que comem, que tipo de dieta seguem, alimentos que evitam e tipo de exercícios que fazem para manter a saúde e o corpo “sarado”.
A ideia aqui não é demonizar as redes sociais, mas sim, reforçar que elas podem ser uma das principais causas da ortorexia se não houver senso crítico.
Gastar tempo e energia se comparando e tentando acompanhar estilos de vida que não são compatíveis com a sua realidade podem gerar uma ansiedade enorme em torno da comida, aumentando a preocupação e a obsessão pelo “comer limpo”.
Existem estudos que já relacionam as causas da ortorexia às redes sociais. Um deles foi feito pela University College London, que confirmou que o uso do Instagram aumenta os sintomas da ortorexia.
Precisa parar de usar o Instagram, então? Não! Como tudo na vida, precisa ter equilíbrio: na hora de comer e na hora de procurar informação sobre alimentação!
E se você quiser saber mais sobre ortorexia, não deixe de ler esse artigo que fala sobre a origem e principais sinais de alerta.
Bon appétit!
Agora que você já conhece as possíveis causas da ortorexia nervosa, veja também esses outros artigos que separei para você:
- Você sabe o que é transtorno do comer compulsivo?
- Corpo perfeito, dieta, jejum – como ter um corpo perfeito?
- O que é bulletproof coffee? Engorda ou emagrece?
E você, anda se preocupando muito com a pureza dos alimentos? Compartilhe comigo aqui nos comentários abaixo para continuarmos essa conversa: