Obesidade e inflamação têm relação?
A obesidade é uma condição de saúde multifatorial, ou seja, resulta da interação de diversos fatores, como os fisiológicos, psicológicos, genéticos, ambientais, sociais e culturais. Essa condição é caracterizada por um excesso de gordura corporal, podendo trazer complicações para a saúde.
Entre as complicações associadas à obesidade, destaca-se a inflamação. Já ouviu falar que obesidade e inflamação estão relacionadas? Mas será que é isso mesmo? A inflamação é uma causa ou consequência da obesidade?
Vamos explorar isso juntos e desvendar os detalhes por trás desse tema tão importante.
Vem comigo!
Qual a causa e a consequência entre eles?
A inflamação é um mecanismo natural e essencial do nosso corpo, responsável por protegê-lo contra infecções, lesões e outros agentes nocivos.
No entanto, quando se torna crônica, pode estar associada ao desenvolvimento de diversas condições de saúde. Entre elas, destacam-se as doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, além de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e doenças inflamatórias intestinais, incluindo a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
Mas quanto a obesidade e inflamação? A obesidade, assim como a maioria das doenças crônicas e autoimunes citadas acima compartilham a presença de um componente inflamatório. Esse estado inflamatório torna-se crônico e, por isso, merece atenção. No entanto, os mecanismos de como isso acontece e suas implicações ainda não estão totalmente claras.
Na verdade, afirmar categoricamente que a obesidade causa inflamação pode ser um tanto simplista, dado o caráter complexo dessa relação. Por exemplo, em condições como a resistência à insulina, típica do diabetes tipo 2, a inflamação está frequentemente presente e pode, inclusive, contribuir para a pessoa ganhar peso.
Assim, em vez de nos concentrarmos apenas em determinar se a inflamação é causa ou consequência da obesidade, o mais importante é compreender que essas condições estão intimamente relacionadas e frequentemente se influenciam mutuamente.
Obesidade, inflamação e estilo de vida
Tanto a obesidade quanto a inflamação são influenciados por diversos fatores, muitos deles ainda não totalmente esclarecidos. Porém, sabemos que o estilo de vida pode contribuir para a inflamação crônica, como também para a obesidade.
Hábitos como o sedentarismo, o tabagismo, níveis elevados de estresse e uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados, gorduras trans e saturadas e açúcares, aliados à baixa ingestão de frutas, legumes, verduras e alimentos in natura e minimamente processados, são características de um estilo de vida pró-inflamatório, ou seja, que podem favorecer o processo inflamatório.
Uma pesquisa brasileira apontou que áreas cerebrais relacionadas à saciedade podem apresentar alterações em pessoas com obesidade. Essas mudanças podem ser explicadas pela inflamação e pela morte celular nessas regiões, frequentemente associadas a um padrão alimentar com excesso de ácidos graxos saturados.
Além disso, um estudo envolvendo 166.377 participantes revelou que um padrão alimentar pró-inflamatório pode estar relacionado a um maior risco de demência em idosos, incluindo a doença de Alzheimer.
No entanto, é importante esclarecer: enfrentar episódios isolados de estresse ou consumir determinados alimentos ou nutrientes não causa, por si só, obesidade e inflamação. O problema reside no excesso e na repetição constante de hábitos prejudiciais dentro de um estilo de vida. Por isso, é essencial avaliar a rotina alimentar como um todo, em vez de atribuir culpa a eventos pontuais ou a alimentos específicos.
Além disso, discursos que promovem o terrorismo nutricional, rotulando certos alimentos ou nutrientes como vilões, podem ser perigosos. Essa abordagem simplista ignora a complexidade da alimentação e os múltiplos fatores que influenciam a saúde. Esses discursos, muitas vezes alarmistas, podem gerar culpa e medo, que podem afastar ainda mais as pessoas de uma relação saudável com a comida.
Uma visão mais equilibrada e inclusiva é necessária para considerar o contexto geral da alimentação, incluindo aspectos como o prazer em comer e o comportamento alimentar. Focar em padrões alimentares que promovam saúde, em vez de demonizar alimentos isolados, é uma estratégia mais eficaz para alcançar o bem-estar e prevenir problemas de saúde relacionados à obesidade e inflamação.
Obesidade e inflamação: estigma não é a solução
Quando se trata de obesidade e inflamação, o caminho considerado mais adequado hoje é buscar um estilo de vida mais saudável, buscando dormir melhor, lidar com o estresse, pratica atividade física regularmente e comer bem, consumindo mais comida fresca e caseira e dando atenção também ao comportamento alimentar, ou seja, a como se come.
No entanto, essa busca por mudanças de hábitos precisa acontecer de forma gradual e sem neuras. É importante lembrar que a obesidade não é uma responsabilidade individual nem uma questão de “fechar a boca e malhar”. Muitas pessoas estão há anos fazendo dietas restritivas e isso só contribui ainda mais para desregular o apetite e levar ao efeito sanfona, o que pode agravar a inflamação crônica.
É necessário superar o estigma associado ao peso para promover uma abordagem mais efetiva e respeitosa. Muitas pessoas sofrem preconceito no consultório dos profissionais de saúde. Essa visão estigmatizante pode afastá-las de buscar ou receber o tratamento adequado, agravando ainda mais a situação.
A obesidade deve ser tratada como qualquer outra condição de saúde, com estratégias de prevenção e tratamento que valorizem o respeito, a empatia e a individualidade de cada paciente.
É por isso, que idealizei o Manifesto para um Novo Olhar sobre Obesidade, para discutirmos uma forma de tratar a obesidade com foco na saúde e não no peso e centrada no paciente.
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Referência
ARAUJO, Eliana P. et al. Mechanisms in endocrinology: Hypothalamic inflammation and nutrition. Eur J Endocrinol. v. 175, n. 3, p. R97-R105, 2016.
DERAM, Sophie. Pare de engolir mitos. 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2024.
SHI, Yisen et al. Association of pro-inflammatory diet with increased risk of all-cause dementia and Alzheimer’s dementia: a prospective study of 166,377 UK Biobank participants. BMC Med. v. 21, n. 1, p. 266, 2023.
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