A terapia nutricional é uma abordagem que foca não apenas no que comemos, mas também em como comemos, podendo contribuir com a prevenção de uma gama de condições de saúde física e mental.
Quer entender melhor? Neste artigo, vamos explorar o que é terapia nutricional e como utilizá-la no seu consultório em 6 passos assertivos.
Vem comigo!
O que é terapia nutricional?
De acordo com o Conselho Federal de Nutricionais (CFN), a terapia nutricional é um “conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da nutrição parenteral ou enteral”. Ou seja, para este órgão, diz respeito aos casos em que o paciente necessita de uma alimentação por sonda enteral ou pela via intravenosa.
No entanto, além desse conceito, existe um entendimento da terapia nutricional como uma abordagem que traz uma mudança de paradigma na nutrição e busca melhorar a saúde, proporcionar bem-estar e uma boa relação com a comida, utilizando o aconselhamento nutricional e ferramentas da nutrição comportamental.
Esse entendimento já é bastante difundido em outros países como os Estados Unidos, cuja Academy of Nutrition and Dietetics posiciona-se favorável à terapia nutricional, considerando-a eficaz na melhoria da saúde e da qualidade de vida de pessoas com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes.
No Brasil não tem tanta popularidade, mas de toda forma, a Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024) também reconhece a terapia nutricional como uma aliada no manejo do diabetes que tem como um dos objetivos promover e apoiar padrões alimentares saudáveis, enfatizando uma variedade de alimentos in natura.
Sua aplicação vai contra a corrente da prescrição de dieta, pois objetiva algo que exige bem mais complexidade que um cálculo de calorias e quantidades de nutrientes.
Nessa perspectiva, o paciente é visto como único e há uma preocupação não apenas com questões nutricionais, mas também psicológicas e comportamentais, pois tão importante quanto o que se come é como se come e a saúde mental merece cuidados assim como a saúde física.
Quem pode fazer e quem pode se beneficiar da terapia nutricional?
A terapia nutricional deve ser realizada por quem tem conhecimentos e habilidades de nutrição, no caso, o profissional nutricionista.
No entanto, também é importante enfatizar que essa conduta é favorecida pelo trabalho em conjunto com outros profissionais, ou seja, de uma equipe multidisciplinar, que pode contar com psicólogos, médicos de diversas especialidades, educadores físicos, entre outros.
Além disso, qualquer paciente pode se beneficiar da terapia nutricional, sendo mais comumente procurada por pessoas que buscam mudanças de hábitos alimentares, que apresentam doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes, hipertensão entre outras, ou por aquelas que sofrem com transtornos alimentares, como a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar.
Se não dieta, então o que? 6 passos da terapia nutricional
Já que terapia nutricional não trabalha com a prescrição de dieta, você pode estar se perguntando como atuar fazendo uso dessa abordagem.
Aqui trago 6 passos para você entender melhor como fazer terapia nutricional em um atendimento revolucionário.
1- Acolhimento
Este passo, assim como o seguinte, também deve fazer parte de um atendimento nutricional convencional.
Antes de tudo é importante acolher o paciente e ouvir sua queixa. Muitas vezes o profissional acredita saber exatamente o que ele deseja e acaba sendo surpreendido.
Nesse momento deixe os julgamentos de lado e trate-o com respeito, sem estigma de peso. A comunicação não violenta pode ser uma grande aliada, mas também é muito importante que o próprio ambiente seja acolhedor.
No caso do espaço físico, é interessante também que as cadeiras sejam confortáveis e os equipamentos possam ser utilizados por pessoas de todos os tamanhos. Já no atendimento online sugiro investir em uma adequada infraestrutura de tecnologia, como uma boa plataforma de videochamadas e internet de qualidade, bem como recomendar que o paciente esteja bem acomodado em um lugar tranquilo.
2- Avaliação e diagnóstico nutricionais
Colete dados e informações, busque conhecer as angústias do paciente, seu estilo de vida, rotina e pergunte se apresenta histórico de dietas restritivas, bem como de oscilação de peso.
Nesse momento, você também pode utilizar o diário alimentar, uma ferramenta em que se coleta informações de consumo alimentar, horários das refeições, onde e com quem realiza as refeições e, assim, permite tanto ao terapeuta nutricional quanto ao próprio paciente fazer relações entre sua alimentação e questões nutricionais, emocionais ou comportamentais.
Caso ache necessário, realize uma avaliação antropométrica, mas tomando cuidado para que o tratamento não acabe focado no peso.
Além disso, solicite exames laboratoriais, pois podem servir como bons indicadores de saúde e ajudar a identificar e monitorar deficiências nutricionais, patologias e intolerâncias alimentares.
Com toda a coleta de informações em mãos, trace um diagnóstico nutricional do paciente e parta para o próximo passo da terapia nutricional.
3- Intervenção
Conhecendo a queixa do paciente, suas dificuldades, potencialidades e diagnóstico nutricional, o terapeuta nutricional deve traçar uma estratégia nutricional personalizada.
Aqui, determina-se a periodicidade das sessões, que variam de caso a caso, podendo ser semanais quando se atende pessoas que sofrem com transtornos alimentares e apresentam condições de saúde mais delicadas ou quinzenais em outros casos. Na verdade, a frequência dos atendimentos pode ir mudando no decorrer do tratamento, com sugestões de espaçar mais os encontros quando é observada uma boa evolução.
Existem muitas ferramentas que podem ser utilizadas na intervenção, como as metas nutricionais. No entanto, também é possível propor um plano alimentar, desde que seja flexível e considere a importância de aprender a ouvir o próprio corpo e os sinais de fome e saciedade.
Portanto, nada de regras rígidas como “comer de 3 em 3 horas”. O horário das refeições é determinado pelo paciente, assim como as escolhas alimentares, que se modificam com as circunstâncias.
4- Monitoramento e reavaliação
Tem como objetivo acompanhar o processo de mudança de estilo de vida e de hábitos alimentares.
O diário alimentar, utilizado na etapa de avaliação também é um grande aliado neste 4º passo. Além disso, é importante reavaliar os exames laboratoriais e os dados antropométricos, mas de forma cuidadosa, lembrando sempre que o foco dessa abordagem não é o peso.
5- Educação e aconselhamento nutricionais
Como o intuito central da terapia nutricional é a mudança de hábitos, o profissional necessita fazer uso da educação e do aconselhamento nutricionais.
Nesse caso, não deve determinar o que deve ser consumido pelo paciente, mas sim aconselhar e incentivar as escolhas saudáveis, de forma gradual e considerando a realidade de cada pessoa.
6- Tratamento e prevenção de doenças
Este é o último passo da terapia nutricional, que se mostra efetiva ao atuar como uma grande aliada no tratamento, prevenção e gerenciamento de uma ampla gama de condições de saúde física (como diabetes, hipertensão, câncer, doenças do coração, doenças renais), e mental (como os transtornos alimentares).
Chegando aqui, o paciente certamente terá se beneficiado de ganhos em saúde, podendo estar em paz com a comida, com um peso saudável (aquele que se consegue manter sem necessidade de grandes sacrifícios) e empoderado para cuidar de si mesmo. Tudo isso sem dieta restritiva, que pode até inicialmente proporcionar uma perda de peso rápida, mas não é sustentável, estressa o corpo e geralmente provoca o efeito sanfona.
Caso deseja saber um pouco mais sobre terapia nutricional, você também pode conferir o vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/live/EYvOGoY4n7w
Saiba mais!
Enfim, tenho uma dica final para você que quer aderir à terapia nutricional.
Após muitos pedidos de profissionais de saúde que entraram em contato comigo, criei a Formação Método Sophie de Terapia Nutricional.
Ao publicar “O Peso das Dietas”, notei uma necessidade de colegas da área de se atualizarem na ciência da Nutrição em relação ao peso, obesidade e transtornos alimentares, além da área comportamental – algo que ainda não é estudado nas faculdades.
O meu objetivo é apresentar uma Nutrição com Ciência e Consciência e fornecer ferramentas para um atendimento mais personalizado e humanizado, com foco na mudança do comportamento e na construção de uma relação mais saudável com a comida.
A propósito, tive a honra de formar centenas de profissionais de saúde em mais de 20 estados pelo Brasil, entre nutricionistas, médicos e psicólogos.
Veja o que eles acham da minha metodologia:
Profissionais formados pelo Método Sophie
Se você se identifica com essa linha de trabalho, não deixe de conferir mais informações sobre o curso abaixo:
→ Saiba mais informações sobre o curso!←
E se ainda não for o momento de fazer o curso, fique à vontade também para assinar o clube Método Sophie Canal Pro no YouTube ou mesmo agendar uma consulta no meu escritório.
Referências
DERAM, Sophie. Pare de engolir mitos. 1. ed. – Rio de Janeiro : Sextante, 2024.
