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Alimentação e saúde mental
Alimentação e saúde mental

Alimentação e saúde mental: qual a relação?

A saúde mental tem se tornado um assunto central. Não à toa, já que os números de depressão, ansiedade e transtornos alimentares (como anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar) têm crescido bastante no Brasil e no mundo.

Ao mesmo tempo, temos muitas informações sobre nutrição e seus benefícios na prevenção da obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, câncer e doenças do coração.  

Mas quando se trata de alimentação e saúde mental, nem sempre ouvimos falar tanto assim. 

Sabia que elas andam juntas? 

Vem comigo para entender melhor essa relação.

O cérebro precisa de nutrientes

Acho que não é difícil entender que a alimentação e saúde mental estão intimamente relacionadas. Basta pensar em como as pessoas ficam desatentas ou irritadas quando não comem bem ou estão com fome. 

No consultório também observo que pacientes diagnosticados com depressão ou outros problemas de saúde mental tendem a apresentar melhoras do quadro clínico quando passam a se alimentar melhor. 

O cérebro é o maestro do nosso corpo e recebe muitas informações em razão do metabolismo, genética, comportamento alimentar, nutrição e idade. Esse órgão também está em estreita relação com nosso intestino, que apresenta uma rede de neurônios, bem como uma população de trilhões de micro-organismos que compõem a microbiota intestinal

Essa convivência com os micro-organismos é essencial para a nossa saúde física e mental, pois muitos deles são benéficos, interferem na biologia do corpo humano e conversam com o cérebro e com os genes, podendo interferir nas nossas emoções e comportamentos. É também por essa relação intestino-cérebro que o estresse mental pode gerar constipação e até disbiose. 

Além disso, o cérebro precisa de muita energia e nutrientes para funcionar bem e compor sua complexa estrutura. Por exemplo, os ácidos graxos ômega-3, gorduras poliinsaturadas presentes em peixes como sardinha e salmão, participam de atividades neuroquímicas e da manutenção da estrutura e função neuronais.

Outros nutrientes como zinco, folato (vitamina B9), cobalamina (vitamina B12) e colecalciferol (vitamina D) já foram descritos como importantes na interação alimentação e saúde mental, contribuindo para o bom funcionamento do cérebro e, quando deficientes, podem estar associado a transtornos mentais.

 

Ainda que existam estudos científicos mostrando a os benefícios de diversos nutrientes para o tratamento e prevenção de problemas de saúde mental, não podemos esquecer que sozinhos, nenhum nutriente ou alimento é responsável por manter a saúde, seja mental ou física. Não existem alimentos milagrosos, nem uma alimentação perfeita ou ideal para melhorar a saúde mental.

Por isso, também se deve ter cuidado com a suplementação nutricional. Em alguns casos ela até pode ser indicada, mas é preciso cautela e acompanhamento com profissionais que realmente entendem do assunto.

Uma coisa é certa: alimentação e saúde mental não combinam com dieta restritiva

Outro ponto de grande importância é entender o impacto das dietas restritivas na saúde mental, já que podem ser um gatilho para os transtornos alimentares.

Gosto de enfatizar que a maioria dos transtornos alimentares começa com uma dieta restritiva. É o que diz a ciência e o que vejo nos atendimentos. É comum o paciente contar que estava bem, resolveu fazer uma dieta e então desenvolveu o transtorno alimentar. Fazer dieta restritiva modifica e desregula o comportamento alimentar, aumenta o apetite e a obsessão por comer. Portanto, pode desregular a saúde mental.

Nesses casos, é necessário um atendimento multidisciplinar que conte minimamente com nutricionista, médico psiquiatra e psicólogo. O tratamento é complexo e o profissional nutricionista deve propor uma terapia nutricional para fazer as pazes com a comida e com o corpo e contribuir para o paciente sentir-se nutrido e menos estressado.

Por isso, para pensar sobre alimentação e a saúde mental gosto sempre de recordar o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS): “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. 

Seguindo esse conceito, uma pessoa pode estar tão obcecada por “comer correto” que evita sair com os amigos para comer uma pizza. Ela pode não ter doença, mas também não tem um bem-estar mental, nem social. Por outro lado, alguém pode conviver com o diabetes, mas estar saudável, com exames controlados, uma boa vida social e qualidade de vida.

Já a saúde mental é conceituada como “um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade”.

Em ambos os conceitos dá para perceber que a saúde não é algo que conseguiremos atingir simplesmente com o cálculo de uma dieta, por isso é preciso pensar na nutrição também como um ato psicológico.

3 objetivos para um atendimento focado na boa alimentação e saúde mental

Aqui, vou apresentar para você 3 objetivos de um atendimento nutricional focado na  alimentação e saúde mental.

 1- Fazer as pazes com a comida e com o corpo

Em um atendimento que busca promover a saúde, tanto física quanto mental, fazer as pazes com a comida, o que pode contribuir para fazer as pazes com o corpo e deixar a insatisfação corporal de lado. 

Assim, o profissional buscadeve contribuir para que o paciente deixe a mentalidade de dieta de lado e compreenda que ele pode comer de tudo (ainda que não tudo) e que alimentos gostosos e que dão prazer, como um bolo de chocolate, não são vilões nem precisam estar de fora da alimentação.

Prazer não é gula e pode ser um aliado na promoção da alimentação saudável. Não sou eu que estou falando isso, mas sim pesquisadores canadenses, neste artigo.

 2- Consumir mais comida fresca e caseira

Como já disse, não existe uma determinada alimentação que deve ser adotada para ter mais saúde mental. No entanto, sabemos que nosso cérebro se beneficia de um maior consumo de comida caseira. Assim, o nutricionista pode traçar uma estratégia nutricional que motive o paciente a consumir mais alimentos in natura e a cozinhar mais, sempre considerando a individualidade de cada um.  

 3- Adotar um estilo de vida saudável

Como deve ter notado, alimentação e saúde mental é um tema complexo e delicado, de modo que não teremos bons resultados com uma simples prescrição de dieta.

Além disso, a nutrição ajuda bastante, mas não resolve o problema sozinha. Portanto, deve-se levar o paciente a adotar bons hábitos e a buscar um estilo de vida saudável, considerando, além de comer bem e fazer as pazes com a comida, a prática de atividade física, dormir bem, lidar com o estresse e ter relações sociais saudáveis.

 

Por fim, gostaria de ressaltar a importância de os profissionais de saúde buscarem uma formação focada no papel da alimentação na saúde mental, pois é indispensável adquirir conhecimento e experiência antes de atender pacientes com problemas de saúde mental graves, como os transtornos alimentares. 

Além disso, gostaria de convidar você a conhecer mais sobre o assunto no vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=9fx8sVZakJQ

 

 

Saiba mais!

Se está interessado no tema alimentação e saúde mental, tenho uma dica final para você.

Após muitos pedidos de profissionais de saúde que entraram em contato comigo, criei a Formação Método Sophie de Terapia Nutricional

Ao publicar “O Peso das Dietas”, notei uma necessidade de colegas da área de se atualizarem na ciência da Nutrição em relação ao peso, obesidade e transtornos alimentares, além da área comportamental – algo que ainda não é estudado nas faculdades.

O meu objetivo é apresentar uma Nutrição com Ciência e Consciência e fornecer ferramentas para um atendimento mais personalizado e humanizado, com foco na mudança do comportamento e na construção de uma relação mais saudável com a comida.  

A propósito, tive a honra de formar centenas de profissionais de saúde em mais de 20 estados pelo Brasil, entre nutricionistas, médicos e psicólogos. 

Veja o que eles acham da minha metodologia:

Profissionais formados pelo Método Sophie

 

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Referências

ADAN, Roger AH et al. Nutritional psychiatry: Towards improving mental health by what you eat. European Neuropsychopharmacology, v. 29, n. 12, p. 1321-1332, 2019.

Se gostou deste artigo sobre alimentação e saúde mental, provavelmente vai adorar ler estes posts que separei para você:

  1. Guia prático: como fazer palestras sobre alimentação saudável
  2. 8 livros de nutrição comportamental para profissionais (e leigos)
  3. Entrevista motivacional na nutrição? Saiba como fazer

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