O termo “valor energético” está presente nas tabelas nutricionais de alguns alimentos que compramos no mercado e aparece com frequência nas mídias, principalmente em blogs que falam sobre dietas.
No entanto, nem todos sabem o que fazer com essa informação.
É bem mais simples do que parece: o valor energético tem relação com a energia liberada pelo alimento quando é queimado no laboratório. Para simplificar, consideramos quando calculamos o valor energético de um alimento, que é a mesma energia que o corpo recebe a partir da digestão dos alimentos, mais especificamente a partir da digestão dos carboidratos, proteínas e gorduras.
Mas será que nossa digestão dá o mesmo resultado do que acontece quando queima esse alimento em laboratório?
No rótulo dos alimentos, o valor energético é expresso na forma de quilocalorias (comumente chamadas de calorias – kcal) ou quilojoules (kJ). Esse cálculo avalia o valor energético do alimento, ou seja, proteínas e carboidratos representam 4 kcal/g e gorduras representam 9 kcal/g.
O valor energético é uma medida importante para o profissional da nutrição. Na pesquisa, pode ser muito útil em alguns estudos; ou mesmo no caso de pessoas que precisam suprir suas necessidades de energia com mais precisão em virtude de alguma doença, visando prevenir a desnutrição.
Agora que você já sabe na teoria o que é valor energético, vamos pensar sobre o que essa medida representa na prática, ou seja, no nosso dia a dia.
Preciso considerar o valor energético dos alimentos quando for comer?
Há tempos que as pessoas se preocupam com o valor energético dos alimentos, influenciadas, principalmente, pelas dietas restritivas.
Contar calorias faz parte da rotina de muitas pessoas, o que pode transformar-se em algo angustiante.
Ao contar calorias, a pessoa deixa de considerar os alimentos como alimentos e começa a vê-los somente como números. E, ainda, pode gerar o sentimento de culpa, caso a quantidade de calorias ingeridas seja “extrapolada”.
Já sentiu culpa ao comer alguma coisa? Se sim, dá o play no vídeo abaixo para entender como você pode aprender a comer sem culpa:
Será que saber o valor energético dos alimentos é mesmo necessário?
O nosso corpo não é uma máquina, nem um sistema simples. Estamos falando de biologia e não de matemática e cálculo de energia pelas regras da termodinâmica. Nas últimas décadas simplificamos o funcionamento do nosso corpo a um cálculo de calorias que entram e saem, quando na realidade ele é muito complexo e muda ao longo do tempo.
O corpo é vivo, se adapta, se defende e muda em função de muitos fatores como idade, fome, emoções, aspectos psicológicos, saúde, medicamentos que toma, atividade física que você faz, etc…
Se a contagem de calorias funcionasse para regular o peso, os índices de obesidade e sobrepeso no mundo não teriam crescido 70% nas últimas três décadas.
Se o nosso corpo pudesse ser modelado por um simples cálculo matemático, fechar a boca e malhar deveria solucionar os problemas de excesso de peso. Não é verdade?
Então, não é por que você verificou através de alguns cálculos inspirados por artigos achados na internet, ou fazendo um teste com uma máquina de bioimpedância, que o seu corpo necessita de 1.500 kcal por dia que você terá que comer exatamente isso para manter o peso. Ou mesmo que, para emagrecer, você terá que comer menos calorias do que esse valor. Isso pode ter um impacto no curto prazo, sim!
Fechar a boca pode fazer perder peso no início, mas sabemos que em 95% dos casos isso não se mantém a longo prazo e o corpo recupera o peso perdido ou ainda mais.
Existem alguns cálculos que estimam o gasto e o valor energético diário que precisa ser consumido em função de idade, sexo, peso e altura do indivíduo, mas a realidade pode ser bem diferente.
As nossas necessidades diárias de energia dependem também de fatores como atividade física, genética, estresse, meio ambiente…
Resumindo: cada corpo é único!
Entretanto, ingerir mais calorias do que essa estimativa de valor energético diário não necessariamente resulta em acúmulo de gordura e aumento de peso.
Pode ser que um dia você precise comer mais e seu corpo precise de mais energia para se recuperar de alguma atividade cansativa. Tudo é relativo.
Os papéis dos nutrientes no nosso corpo
É importante lembrar que nem tudo que comemos se transforma em energia e que nosso corpo não queima alimentos, mas digere e usa os nutrientes que eles fornecem para funcionar e se renovar. As proteínas e os carboidratos, que possuem o mesmo valor energético de 4 calorias por grama, por exemplo, também desempenham dentro do nosso corpo papéis diferentes de que o simples fornecimento de energia.
- As proteínas têm função construtora dentro do organismo, são os “tijolos” responsáveis pela constituição dos tecidos como músculos, bem como pela defesa do nosso corpo (através dos anticorpos) e reações químicas (como as enzimas).
- Já a gordura, além da função de reserva de energia, tem muitas outras funções: constitui a estrutura das nossas células, armazena algumas vitaminas essenciais e é fonte de hormônios fundamentais para o bom funcionamento do organismo.
- E os carboidratos, que fornecem a energia de forma mais rápida para o nosso corpo, são igualmente importantes. São responsáveis, principalmente, por manter o fornecimento de glicose do sangue, o que vai garantir que todos os órgãos cumpram suas funções normais, pois estarão abastecidos com energia.
Dessa forma, ao pensar apenas em calorias e fazer dieta, você não estará considerando a qualidade real das refeições e poderá atrapalhar esses processos que citei.
O que sabemos hoje é que o corpo é muito complexo e que é nosso cérebro que comanda tudo! Ele não necessariamente entenderá a sua dieta como um benefício, e sim como ameaça e pode tentar se defender e compensar. Isso poderá resultar em problemas de saúde futuros. Portanto, cuidado!
Sugiro que esqueça a contagem de calorias e confie na sua sabedoria interna, seu cérebro é muito sábio e quando está no comando é possível definir a quantidade de energia que precisa para suprir o seu dia, intuitivamente.
Você pode definir a quantidade de alimentos e nutrientes para o seu dia, sem contar calorias e sem estresse. Como? Dando atenção aos seus sinais de fome e saciedade. É assim que os animais fazem e o ser humano fazia antes de calcular calorias!
Pense no recém nascido. Ele chora quando está com fome e precisa se alimentar, e ao ficar satisfeito ele para de mamar. Naquele momento nada fará ele comer mais! Tendemos a perder isso ao crescer e usar a razão mais do que a intuição.
Lembre também dos tempos dos nossos avós: todos comiam comida caseira e fresca até ficarem satisfeitos, sem a preocupação sobre quantas calorias tem cada alimento e sem nenhum tipo de culpa.
Quando comemos de forma consciente e respeitando esses sinais, garantimos a quantidade de calorias e nutrientes que o nosso organismo precisa naquele momento.
É bem mais fácil e eficaz do que ficar preso à contagem de calorias, garanto!
Por isso, não adianta saber o que é valor energético dos alimentos. O importante é respeitar os sinais que o seu corpo te envia. E é justamente sobre isso que falo em meu programa online Efeito Sophie. São seis semanas de vídeo aulas online, materiais e exercícios que vão te ajudar a reaprender a escutar os sinais de fome e saciedade.
Meu objetivo é que você faça as pazes com a comida e que volte a comer com prazer, sem culpa e com muito menos estresse. Vamos juntos nessa? Conheça agora o meu programa online Efeito Sophie.
Mudança de foco – qualidade e variedade são mais importantes!
Mudar o foco é essencial. Prezar pela qualidade e pela variedade dos alimentos é muito mais importante do que considerar apenas o valor energético.
Comer melhor, e não menos.
Essa é a ideia!
É interessante comparar: um pacote de salgadinhos tipo chips de tamanho grande tem a mesma quantidade de calorias do que uma refeição completa – um prato com arroz, feijão, bife, alface e tomate, com direito a salada de frutas de sobremesa.
A partir daí, pense: qual opção irá conversar melhor com o seu corpo? Qual opção trará a diversidade de nutrientes que o corpo tanto precisa?
Os melhores alimentos para o nosso corpo não vêm com tabela nutricional, ou seja, se tratam de alimentos in natura: COMIDA que encontramos na natureza!
Assim, a dica é descascar mais e desembalar menos! Sem neura, por favor! Os alimentos processados pela indústria também são alimentos e podem ser consumidos ocasionalmente!
Cozinhar mais também é uma boa pedida, pois garante que a refeição tenha ingredientes de qualidade, mais nutrientes e, além disso, é possível colocar um tempero adicional: o amor.
Pesquisas recentes também comprovam que cozinhar pode reduzir as chances do desenvolvimento de excesso de peso e de doenças, como o diabetes tipo 2.
Então, comer mais alimentos verdadeiros e cozinhar mais são ações que podem trazer inúmeros benefícios à sua saúde.
Experimente!
Bon appétit!
E para te ajudar ainda mais nesse aprendizado, separei mais três conteúdos que você vai gostar:
- Quantas calorias comer por dia? Descubra
- Fazer dieta engorda? Sim! Saiba mais
- O que é peso ideal? Precisamos conversar sobre o mito do corpo “perfeito”
Espero que tenha ficado claro o que é valor energético! Se ficou alguma dúvida, comente aqui abaixo.