Se você é um profissional de saúde, já deve ter participado de eventos científicos onde o palestrante era patrocinado por uma marca da indústria alimentícia ou farmacêutica.
Talvez também tenha lido artigos sobre os benefícios de um determinado alimento ou suplementos e descobriu que o estudo foi financiado por uma empresa envolvida na produção desses produtos.
Esses são exemplos de conflitos de interesses. Aqui ajudo você a entender melhor sobre o assunto.
Vem comigo!
O que é conflito de interesses?
De forma geral, o conflito de interesses diz respeito a um cenário em que uma pessoa ou instituição está envolvida em uma decisão, pesquisa ou atividade e seus interesses podem influenciar a execução de seus deveres e responsabilidades.
Conflitos dessa natureza são comuns na área da saúde e da nutrição. Assim, como profissionais de saúde precisamos refletir sobre os impasses éticos envolvidos nos conflitos de interesses para educar e proteger as pessoas, bem como a nossa própria prática profissional.
Conheça alguns tipos de conflito de interesses
Agora que você já conhece o conceito, vou apresentar abaixo alguns tipos de conflitos de interesses comuns na saúde:
1-Financeiro
Nesse tipo de conflito de interesses, a questão financeira pode interferir na tomada de boas decisões.
Por exemplo, quando palestrantes, consultores ou eventos são patrocinados pelas indústrias de alimentos, de medicamentos ou de suplementos, podem favorecer a compra desses produtos, mesmo que não sejam a melhor opção para a saúde do consumidor.
Outro casos são os conflitos de interesse nas pesquisas de nutrição e de saúde, em que o pesquisador está envolvido com interesses financeiros, podendo influenciar os resultados da pesquisa e promover a empresa financiadora.
Veja só, a empresa Coca-Cola é conhecida por financiar estudos, cuja conclusão destaca o sedentarismo como fator mais relevante para a obesidade do que uma alimentação não saudável.
É importante destacar que os alimentos e suplementos alimentares representam um mercado enorme, portanto é lógico que as indústrias alimentícia e farmacêutica demonstrem um grande interesse em promover seus produtos e influenciar pesquisas científicas e consumidores.
Devido a essas questões, as revistas científicas exigem que os pesquisadores sinalizem a existência ou não de conflitos de interesse e apresentem informações sobre o financiamento da pesquisa.
No entanto, não podemos assumir que todas as pesquisas financiadas por empresas produzem informações manipuladas. O financiamento privado possibilita o desenvolvimento de novos medicamentos, descoberta de nutrientes e avanço de tecnologias médicas. Porém, sempre é preciso ter atenção e se esforçar para que interesses financeiros não interfiram no bem comum.
2-Político
Nesse caso, as indústrias podem intervir na criação e nas aprovações de políticas, resoluções e regulamentações que elevem seus lucros, mas não necessariamente beneficiam os cidadãos.
No Brasil, o uso de agrotóxicos é flexibilizado pelas legislações regulamentadoras e a indústria de ultraprocessados recebe incentivos fiscais, o que pode exemplificar conflitos de interesses políticos.
3-Personalidade ou prestígio
Personalidade conhecidas e de destaque na área da saúde e da nutrição ou mesmo influencers digitais, sem formação específica, são frequentemente convidados para fazerem propagandas de produtos com a promessa de benefícios à saúde.
Mesmo sem embasamento científico, essa prática pode acabar levando à aceitação e promoção generalizada dos itens, em virtude da notoriedade dessas figuras, gerando conflitos e questões éticas que merecem discussão.
4-Prescrição de produtos e suplementos alimentares
Esse tipo de conflito de interesse é muito comum. Acontece quando um profissional da saúde prescreve um remédio, suplemento ou mesmo alimento de uma marca específica e, em troca, recebe comissões ou incentivos da empresa.
Não é incomum que o nutricionista determine o lugar onde os produtos e alimentos devem ser adquiridos, que muitas vezes ficam na sua própria loja, onde ele atende. Assim, percebe-se que o profissional está visando seu próprio lucro e não a saúde e o bem-estar do paciente.
Essa prática, chamada de “venda casada”, é proibida, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Nutricionista. Para evitar conflito de interesses esse documento, tão importante para os nutricionistas, também define que é direito desse profissional usar embalagens em atividades de orientação e educação, desde que utilize mais de uma marca do mesmo tipo de alimento, produto, suplemento nutricional ou fitoterápico e veda ao profissional manifestar interesse por alguma marca, empresas e indústrias.
Fique atento! Não deixe os conflitos de interesses afetarem sua prática profissional
Evitar os conflitos de interesses na saúde, na ciência e na prática profissional em geral é algo muito complexo, pois estamos tratando de seres humanos, que apresentam interesses, intenções e ambições.
Por isso, é preciso pensar sobre as questões éticas e buscar transparência e informação de qualidade, colocando o interesse comum acima dos particulares.
Profissionais e pesquisadores da área da saúde devem estar conscientes dos conflitos de interesses, inclusive em relação às suas próprias ações, e prontos para discutir essas questões de maneira ética e respeitosa.
Também é nossa responsabilidade educar as pessoas a não acreditarem em tudo que leem sobre alimentação, contribuindo para que desenvolvam o senso crítico e o discernimento para interpretar as informações da melhor forma.
Dessa maneira, com ética, transparência e qualidade poderemos lidar de forma mais justa com os conflitos de interesses.
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Ao publicar “O Peso das Dietas”, notei uma necessidade de colegas da área de se atualizarem na ciência da Nutrição em relação ao peso, obesidade e transtornos alimentares, além da área comportamental – algo que ainda não é estudado nas faculdades.
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Referências
SOARES, M. J. et al. Conflict of interest in nutrition research: an editorial perspective. European Journal of Clinical Nutrition, v. 73, n. 9, p. 1213-1215, 2019.